Todos nós conhecemos, ou temos alguma noção do processo de independência brasileiro, relacionamos o fato com o grito de D. Pedro I nas margens do Rio Ipiranga, ou talvez com a pressão do Partido Brasileiro, dos seus líderes como Cipriano Barata e José Bonifácio e outros políticos liberais que representavam a sociedade quando incitaram o príncipe português a separar Brasil de Portugal. O que é certo afirmar é que a grande maioria dos brasileiros relaciona o acontecido com a data histórica do 7 de setembro de 1822.
Em contrapartida, estamos fadados a estudar apenas a história brasileira e muitas vezes esquecemos de conhecer a história dos nossos maiores amigos. Argentina, Uruguai e Paraguai somam-se ao Brasil no bloco econômico mais importante da América do Sul, que movimenta milhares de produtos e uma enorme quantia de capital. Os países que hoje integram o Mercosul construíram as suas relações há um bom tempo e cada um já influenciou na economia do outro historicamente.
A começar pela Argentina, que desencadeou o processo de independência do Paraguai. Inspirados pela Revolução Francesa e pela independência dos Estados Unidos da América, os argentinos iniciaram a sua luta na Revolução de 25 de Maio, em 1810. O movimento ganha maiores proporções em 1811 quando Manuel Belgrano, José de San Martín e Simón Bolivar assumem frentes militares para convocar as províncias espanholas e se unirem a Buenos Aires. Com exceção do Paraguai e da Colônia do Sacramento as outras províncias se unem a Buenos Aires e, em 1816, Gervásio Posadas declara a independência das Províncias Unidas da América do Sul. Apenas com a Constituição de 1826 o país adotaria o nome de República Argentina.
O Paraguai não aceitou o pedido de unificação com a Província de Buenos Aires e tampouco iria se permitir continuar como colônia da Espanha. Em 1810 os paraguaios derrotaram o exército de Manuel Belgrano e em 1811, antes que os portugueses atendessem a solicitação de ajuda do governador da colônia, liderados por Fulgencio Yegros, Pedro Juan Caballero e Vicente Ignácio Iturbide, declaram a independência do país no 15 de maio.
Também o Uruguai, que já nasceu independente, é atingido pela influência dos países vizinhos e de uma história envolvendo o seu território, chamado de Província Cisplatina e, antes ainda, de Colônia do Sacramento. Esse território ao sul do Rio Grande do Sul pertenceu a Portugal de acordo com o Tratado de Madri e veio a ser colonizado por espanhóis no decorrer dos séculos. D. João VI, pai de D. Pedro I, resolve tomar o território que era por direito do reino português e invade a Colônia do Sacramento, formando a Província Cisplatina, em 1816.
Em 1825, inicia-se um movimento de independência na região onde uniram-se líderes dos Partidos Colorado e Blanco, opositores até então, com a Argentina, que tinha interesse em dominar a região. É declarada a Guerra da Cisplatina pelas Províncias Unidas do Rio da Prata contra o Império do Brasil. Com articulação britânica, que tinha interesse econômico numa região com potencial para compra dos seus produtos industrializados, é assinado um tratado de paz, em 1828, dando origem a um novo país independente, a República Oriental do Uruguai.
Desde o século XIX mantemos algum tipo de relação entre esses quatro países e é impressionante que os laços culturais ainda sejam pouco sentidos no Brasil. Apesar de os gaúchos e catarinenses compartilharem da cultura do mate, da carne e da dança com Argentina, Uruguai e Paraguai, não se nota incentivo para conhecer mais a fundo os traços de cada cultura. Talvez o Mercosul ainda demande de uma relação mais próxima entre os Estados-membros do bloco para atingir o nível de relação comercial e diplomático ideal e levar prosperidade a todos.
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