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A disputa política e egocêntrica brasileira infinita

Os primeiros partidos políticos que apareceram no Brasil são datados de 1822, os Partidos Português e Brasileiro, sendo o segundo essencial para o processo de independência. E em 1837, depois da morte de D. Pedro I os partidos se dividem entre Partido Liberal e Partido Conservador, que se dividiram no poder do período regencial, até os liberais serem essenciais para a coroação de D. Pedro II. Até aqui, essas foram as grandes mudanças que aconteceram devido a política. Sendo, Partido Conservador e Partido Português representantes dos grandes cafeicultores do país, e Partido Liberal e Partido Brasileiro representantes dos colonos, pequenos agricultores, comerciantes e trabalhadores. Escravos, índios, alfabetos, e outras famílias pobres, assim como as mulheres, apesar de lutar por sua liberdade e justiça e terem conseguido certo avanço durante todo o Segundo Reinado, não participavam da política brasileira.

Na Primeira República, em 1889, outros partidos surgiram, sendo o Partido Republicano Mineiro (PRM) e o Partido Republicano Paulista (PRP) os principais do país, que formaram a República Oligárquica, dominando a política por ter grande participação na economia do país, até a Revolução de 1930, liderada pela Aliança Liberal (AL) e seus principais representantes Afonso Pena Júnior e Ildefonso Simões Lopes. Esses firmaram parceria com o Partido Democrático Paulista e partidos de outros estados, como Rio Grande do Sul e Paraíba, que lançaram a candidatura de Getúlio Vargas e João Pessoa para presidente e vice, respectivamente.

Com a destituição da República Café-com-Leite e a posse de Getúlio Vargas, formaram-se novas frentes partidárias: a AIB (Ação Integralista Brasileira) e a ANL (Aliança Nacional Libertadora). A primeira apoiava o governo de Getúlio e combatiam os movimentos comunista e socialista, pregavam a centralização do poder e o nacionalismo, eram formados por grandes empresários, militares e parte da classe média. De outro lado estavam operários, intelectuais e classe média que defendiam o comunismo, ou seja, defendiam as liberdades individuais e a reforma agrária, lutavam contra os ideais nazista e fascista. Esses eram liderados por Luís Carlos Prestes.

Com o término da Era Vargas, em 1945, o PCB se tornou legal novamente e junto com os partidos trabalhistas e sociais formavam a base política populista que colocou no poder os próximos seis presidentes dentro do período republicano liberal: Dutra (PSD), Getúlio (PTB), Café Filho (PSP), JK (PSD), Jânio Quadros (PTN) e Jango (PTB). A oposição era composta pela UDN (União Democrática Nacional), de cunho liberal e anti-populista da época, representava a burguesia e a classe média urbana.

Durante o Regime Militar, a vida partidária se tornou limitada pela ditadura em dois partidos: a ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro). O primeiro partido era formado por políticos que apoiavam o golpe militar e a ditadura, formado pela maioria da UDN. Enquanto o segundo partido fazia oposição ao governo, porém tinha suas limitações enquanto a poder exercer a cidadania e divulgar suas ideias.

Após 1980, a abertura democrática de Figueiredo e a retomada da democracia no governo Sarney fez com que o pluripartidarismo tomasse conta das disputas partidárias, no início com cinco partidos se desenvolvendo e desmembrando em mais de 30 partidos nos tempos atuais. Entre eles se destacam o PMDB, PSDB, PT e o PRN (atual PTC) que elegeram os oito presidentes após o fim do Regime Militar.

Essa disputa pelo poder que envolvia a luta entre a elite e as classes média e pobre da sociedade, e segue até hoje, pode ser resumido em duas frentes: conservadora e liberal. Sendo a primeira contrária a grandes revoluções e a favorável a ao atual governo, contrária a frente liberal. Se dividindo dentro deses grupos ainda podem existir partidos e movimentos favoráveis ou contra a políticas públicas populistas, nacionalistas e igualitárias.

Diante de tantas ideologias criadas e misturadas ao decorrer dos anos, é errado separar a luta partidária entre esquerda, centro e direita, assim como classificar determinado político em conservador ou liberal. O jogo de interesses tomou o cenário político, complicando a avaliação da preferência dos eleitores, sendo assim a influência e o  poder de persuasão características importantíssimas para se manter no poder. Sobrando para o cidadão o dever de cobrar dos atuais líderes o cumprimento das promessas do seu político eleito e para os nossos políticos o dever de representar a sociedade e elaborar as políticas públicas necessárias para a maioria da sociedade. Isso não quer dizer que na pratica haja perfeição.

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