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As reformas constitucionais a partir da Primeira República

Desde o Brasil Colônia até a primeira constituição republicana, a forma de governo monárquica predominou nos séculos de um domínio absolutista contra as vontades da grande maioria da sociedade. Esse contexto começou a ser revolucionado quando surgem as ideias iluministas do filosofo francês Auguste Comte que pregava a liberdade e os direitos humanos como prioridade dos líderes de uma sociedade.

No Brasil, o caminho a ser conquistado para a aplicação das ideias positivistas de Comte seria através de reformas políticas, acabando com o Regime Monárquico. As primeiras conquistas dos brasileiros foram a independência do Brasil e o indício de liberdade que vinha surgindo no império de D. Pedro I, através da Constituição de 1824, já comentada em artigo anterior.

No final do século XIX, o país conquista uma nova reforma com a proclamação da República e a Constituição de 1890. Após isso, o desenvolvimento da política deu surgimento a democracia, a aplicação dos direitos humanos e a liberdade de livre arbítrio limitada pela lei. A seguir tem-se o resumo do restante das Constituições a partir da proclamação da República.

Contexto HistóricoCaracterísticasRegime PolíticoForma de GovernoForma de EstadoSistema de GovernoVotoDireitos TrabalhistasOutros Direitos e Atribuições da Constituição
Proposta de Constituição de 1823Primeiro Reinado - D. Pedro I(1) Anti-lusitano: os portugueses não poderem exercer cargos públicos nacionais; (2) Anti-abslotista: Poder Moderador não influenciaria no Poder Legislativo;Monarquia ConstitucionalParlamentaristaMonarquiaParlamentarismoNecessário ter ao menos 150 alqueires de mandioca para votar.Escravidão / nenhum direito
Constituição de 1824Primeiro Reinado - D. Pedro I(1) Absolutista: 4 poderes (Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador); (2) Igreja sob domínio do Império;Monarquia ConstitucionalAbsolutistaMonarquiaParlamentarismoNecessário ter renda anual de até 100-mil réis.Escravidão / Assalariados / Nenhum direitoPara ser deputado precisaria 400-mil réis e para senador 800-mil réis.
Constituição de 1891Primeira República(1) Dividiu-se os três poderes;RepúblicaRepublicanoFederalistaPresidencialistaProíbido a menores de 21 anos, mulheres, analfabetos, mendigos, soldados e religiosos sujeitos a obediência eclesiástica. O voto era aberto.Trabalho de segunda à sábado (às vezes domingo); 15h/dia; sem direitos a férias, indenizações, horas extras; não havia limite da jornada de trabalho, nem idade para se trabalhar; existia abuso, violência e insalubridade no local de trabalho.Para ser deputado precisaria 400-mil réis e para senador 800-mil réis.
Constituição de 1934Era VargasRepúblicaDemocraciaFederalistaPresidencialistaAgora o voto era secreto e extendido às mulheres.Salário mínimo, férias remunerada, jornada de 8h/dia, indenização para demissões sem justa causa, proibição do trabalho de menores de 14 anos.O patrimônio nacional e natural estava protegido sob lei.
Constituição de 1946República LiberalRepúblicaDemocraciaFederalistaPresidencialistaSecreto e universal, proíbido para menores de 18 anos e cabos e soldados.O direito a greve foi agregado.O tempo dos mandatos se alterou para: presidentes (5), deputados (4) e senadores (8). Deputados poderiam ser reeleitos.
Constituição de 1967Regime Militar(1) sobrepunha o poder Executivo sobre os Legislativo e JudiciárioRepúblicaParlamentarista (absolutista)Federalista (centralizador)PresidencialistaVoto indiretoProíbidas as greves.Senadores, deputados e governadores eram agora nomeados pelo presidente.
Constituição de 1988A volta da democraciaFormal, escrita, promulgada, rigida, analítica e dogmática.RepúblicaDemocraciaFederalistaPresidencialistaVoto universal e secreto para maiores de 16 anos.A volta do direito a greve.A sociedade recebe os direitos a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça. E os direitos sociais como a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e a à infância e a assistência aos desamparados.

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